domingo, 12 de outubro de 2008

Música Transcendental (Parte 1)

Muitíssimo variada é a fenomenologia mediúnica, psíquica, parapsíquica, parapsicológica, metapsíquica, ou seja lá qual for o nome que se lhe dê. E dentro dessa vastidão encontramos desde os fenômenos mais comuns, conhecidos de todos, até aqueles de ocorrência menos freqüente, dos quais muitas pessoas, até no meio espírita, nunca participaram e nem mesmo ouviram falar. Entre estes últimos há os que se classificam de música transcendental, de que iremos nos ocupar agora. Esta designação foi criada por Ernesto Bozzano, que dividiu o fenômeno nas classes ou grupos seguintes:

1º) - Música produzida nas imediações de um médium, independentemente da presença de um instrumento musical.
2º) - Música produzida em um instrumento musical e na presença de um médium, sem que haja contato físico entre ambos.
3º) - Música obtida com a participação direta do médium, que toca um instrumento que não sabe tocar ou que, em transe, toca-o de maneira muito superior àquela de que é capaz normalmente.
4º) - Manifestação musical que se ouve, vibrando no ar, por ocasião da morte de alguém.
5º) - Audição musical ocorrida bem depois da morte de uma pessoa, mas claramente relacionada com este acontecimento.
6º) - Música com caráter de "assombração", isto é, que parece estar relacionada com um determinado ambiente e não com as pessoas que a percebem.
7º) - Música somente percebida por determinados sensitivos, em estado de transe ou não.

Assim, como se viu, Bozzano separa a música produzida na presença de um médium mas sem o concurso de um instrumento musical, das manifestações classificadas em 4º, 5º e 6º lugares. É importante lembrar, porém, que a participação de um médium é condição necessária sempre que o plano espiritual atua em nosso meio de forma ostensiva. O que acontece é que esse médium nem sempre é detectado ou conhecido e nem sempre necessita estar presente no local onde os fenômenos ocorrem. Bozzano fez a distinção para separá-la das ocorrências análogas que têm lugar na presença de um médium reconhecido como tal e que, com freqüência, enseja a repetição do fenômeno.
Repare-se que o mesmo não ocorre no 7º caso. Aí já não é o médium que possibilita que a música seja percebida num ambiente físico. Neste caso é ele, o sensitivo, e somente ele, que capta o som do ambiente espiritual. Como exemplo do primeiro caso da classificação de Bozzano, pode ser citado o médium Staiton Moses, em cujas sessões eram ouvidos sons musicais mesmo sem qualquer instrumento de música no ambiente. É um fenômeno bastante raro.
Inversamente, o segundo caso é bem comum. É freqüente, nas sessões de efeitos físicos, deixarem instrumentos musicais à mão para que os Espíritos atestem sua presença fazendo-os soar.
A terceira modalidade também é encontradiça. Temos, na atualidade, a Sra. Rosemeire Brown, da Inglaterra, cozinheira por profissão e possuidora de poucos conhecimentos musicais e que, no entanto, recebe mediunicamente peças de renomados músicos do passado, composições estas já analisadas por peritos no estilo daqueles compositores. Num caso evidente como este fica fácil perceber-se a ocorrência mediúnica. Mas é difícil sabermos até que ponto um compositor inspirado não estará sofrendo influência dos Espíritos. Será que Schubert ou Gounod, por exemplo, compuseram sozinhos as suas Aves-Marias?
Já que os casos 1, 2 e 3 são mais conhecidos, fiquemos, neste nosso trabalhinho, somente com os de números 4, 5, 6 e 7, bem menos freqüentes e divulgados.
Olhemos, para começar, os casos em que a audição musical coincide com uma ocorrência de morte. Todas as narrativas que reproduzimos aqui, salvo indicação em contrário, serão extraídas de Bozzano em Fenômenos Psíquicos no Momento da Morte, editada pela F.E.B. Vamos, pois, ao primeiro caso.
Sentada tranquilamente em sua sala, numa tarde serena em 21 de fevereiro de 1861, a Sra. Horne brincava com seu filhinho de menos de dois anos quando, em dado momento, todo o ambiente foi invadido pelos sons de suavíssima melodia. Como o Sr. Horne, que estava ausente, tinha por hábito dirigir-se ao piano tão logo entrava em casa, o garotinho, ao ouvir aqueles sons, pulou do colo da mãe e correu para a outra sala, dizendo que seu pai havia chegado. Mas lá não havia ninguém.
É sempre importante, quando ocorre um fato de aparência paranormal, (seria melhor dizer-se parausual, pois que estes fenômenos, nem por serem mais raros, são menos normais que quaisquer outros) anotar-se o momento em que ele se deu. E foi o que, impressionada com o acontecido, fez a Sra. Horne.
Eram decorridas seis semanas quando chegou uma carta do Cabo, dando notícia de que a irmã daquela senhora havia falecido exatamente no dia e na hora em que ela e seu filho ouviram a música. Acrescente-se que a falecida era exímia musicista, mas esta particularidade não é condição necessária para que tais fenômenos ocorram. Vejamos outro caso. Uma só pessoa, raramente acumula os predicados de poeta, dramaturgo, crítico, romancista, filósofo, botânico e mineralogista. Mas Goethe era tudo isto.
Tristemente, uma noite, o poeta agonizava, para consternação de seus amigos e familiares. O ambiente, em sua casa, era o que se pode imaginar: vozes sussurradas, passos abafados, lágrimas mal contidas ante a expectativa do desenlace.
Eram 22 horas e a condição do enfermo se agravava, aumentando a apreensão de todos, inclusive dos empregados da casa.
A condessa V., que sempre fora amiga de Goethe, chegou, precisamente nessa hora, para vê-lo. E logo ao entrar zangou-se com os criados, perguntando como alguém poderia tocar música naquela casa quando Goethe agonizava. Porém tanto os criados como os familiares do poeta afirmaram que a música, em absoluto, não era produzida ali. Como todos a ouvissem há algum tempo, disseram, já haviam ido aos vizinhos pedir que fizessem silêncio. Mas os vizinhos também estavam contristados por saberem da agonia do escritor, e afirmaram que jamais iriam fazer música nessas condições. E depois, os sons ressoavam mesmo na casa do enfermo, ora no jardim, ora em seu interior. Curioso é que, embora todos os ouvissem, uns percebiam sons de piano, outros de órgão, outros ainda ouviam um coral de vozes belíssimas ou então acordes de um quarteto de cordas. O próprio médico que fora chamado interrompeu o boletim que assinava para perguntar se era um concerto o que se ouvia ali.
Meia-noite acabava de soar, quando Goethe faleceu. Aí todos os sons emudeceram.
O inusitado e a beleza de um fenômeno desses podem até mesmo alterar a convicção religiosa de alguém, conforme veremos a seguir.

fonte: http://br.geocities.com/sylvioouriquefragoso/musica.html


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