domingo, 12 de outubro de 2008

Música Transcendental (Parte 2)

Havíamos ficado de ver como um fenômeno de música transcendental pode mudar a crença religiosa de uma pessoa. Foi o que aconteceu no Canadá, por ocasião do falecimento de um sacerdote. Eis os fatos:
Um parente do Sr. Gilmon estava muito enfermo. A família, católica, mandou chamar o pároco mas o bom homem, quebrado pelos anos, também estava acamado. Entretanto, cônscio de seu dever sacerdotal, deixou o leito e foi cumprir seu ministério. Mas o esforço lhe foi demasiado e assim, após ministrar a extrema-unção ao agonizante, o sacerdote sentiu-se mal a tal ponto que não pôde tornar à sua casa, tendo que se recolher ao leito na própria moradia de Gilmon onde, em breves instantes, falecia. No momento, porém, em que desencarnava, todos na casa ouviram os sons de belíssima melodia, o que muito os impressionou. E a impressão foi tão funda que um ministro protestante, ali alojado, decidiu abandonar sua crença e aderir ao Catolicismo! É que ele ainda não sabia avaliar o mérito espiritual de alguém independentemente do rótulo religioso que tal pessoa tivesse para ostentar.
Vejamos agora um caso em que todos ouvem a música, menos o agonizante.
Estava o Sr. Rooke velando sua mãe, muito doente. Junto a ele achavam-se sua irmã e uma enfermeira. Por volta de uma hora da manhã os três começaram a ouvir magníficos acordes musicais, que pareciam produzidos por um instrumento celeste. - Ouve esta música? - perguntaram à doente. - Não ouço nada. - Foi a resposta.
Enquanto todos, atônitos, procuravam descobrir de onde provinham aqueles sons, foram eles se enfraquecendo até que voltou a reinar silêncio. Nesse momento o Sr. Rooke olhou para sua mãe: estava morta.
Mas a música transcendental também pode se fazer ouvir, conforme observou Bozzano, tempos após a morte de alguém, embora parecendo claramente relacionada com esse acontecimento. Foi o que aconteceu no caso seguinte.
Em 1845 morava em Boston um músico alemão de grande fama, chamado Herwuig. Sarah Senkins era então uma menina, que só o conhecia por ouvir falar e por ter assistido a alguns de seus concertos públicos. Ocorreu que, por todo o inverno daquele ano, quando Sarah ia à escola cruzava diariamente com Herwuig. Ao fim de algum tempo, tão freqüentes eram os encontros, a garota e o músico passaram a se saudar quando se viam. Chegado o outono, Herwuig morreu de súbito. Sarah foi assistir às suas exéquias, solenidade que muito a emocionou.
À tarde desse dia estava a menina em casa, com familiares e amigos, comentando o ocorrido. Fazia frio e as ruas desertas acolhiam o peneirar de uma chuva fina e persistente. De súbito, para susto de todos, uma música belíssima se fez ouvir na sala onde se achavam. Também uma senhora, que estava lendo em outro cômodo, alheia à conversa dos demais, ouviu a melodia e comentou depois a estranheza que a ocorrência lhe causara.
O fato de todas as pessoas, até mesmo quem estava em outro ambiente e que, portanto, desconhecia o que se conversava, terem ouvido os sons musicais, exclui a possibilidade de uma sugestão coletiva, de auto-sugestão ou coisa assim. Aliás, o conceito de alucinação coletiva é uma toleima "científica" muito a gosto de quem não entende de alucinação nem de ciência psicológica, pois que não leva em conta a seletividade das percepções, que depende do universo cognitivo de cada um.
Mas não é só por ocasião de acontecimentos obituários que a música transcendental se faz ouvir. A Revista Espírita de novembro de 1868 traz a seguinte narrativa, cujo protagonista não teve seu nome revelado. Ele era, à época das ocorrências, um rapaz de 18 anos que aprendia a tocar violino e que jamais ouvira falar em Espiritismo e nem se ocupava com algo dessa natureza. Mas, ao realizar seus estudos, notava que era acompanhado por uma música, vinda não sabia de onde. Não era - disse ele - uma simples sucessão de sons, mas acordes perfeitos, de uma harmonia belíssima. E o fenômeno era testemunhado por quantos se achassem presentes. Entretanto, e isto é digno de nota, se alguém ali comparecia com o propósito de constatar a ocorrência, o fato simplesmente não se dava. É de se notar, também, que o rapaz tocava violino e os sons que o acompanhavam eram de harpa, o que exclui a possibilidade de uma simples ressonância acústica. Além disso o fenômeno só ocorria entre as 17 e as 18 horas.
Isto durou cerca de três meses. Depois a música nunca mais se fez ouvir.
Bozzano conta um outro fato assemelhado: em uma reunião uma senhora foi solicitada a que cantasse. Mal começara e todos os presentes notaram que seu canto era acompanhado por sons de harpa e por outra voz humana, ambas de sonoridade muito mais doce que as conhecidas na Terra.
A 5ª e a 7ª categorias de música transcendental classificadas por Bozzano englobam, respectivamente, a música com caráter de "assombração" e aquela que só é percebida por certos sensitivos. Vejamos alguns casos de cada categoria.
Em 1913 Ernestine Anne visitou, com seus pais e seu irmão, as ruínas de uma abadia de Jumièges, na França, datadas do século XIV. Subitamente, em meio ao silêncio reinante, ela passou a ouvir sons de vozes masculinas, vindas de onde restos de parede assinalavam o local em que existira o coro. A moça, acreditando ser a única a ouvir as vozes, pensou que tudo fosse fruto de sua imaginação, mas nesse instante seu pai exclamou: - Olhe os monges cantando em coro! - Aí o silêncio voltou a reinar.
Comentando depois o ocorrido o pai de Anne disse que, ao ouvir as vozes tão melodiosas, como que chegara a esquecer que estava em meio a ruínas desertas, chegando a pensar que realmente ali houvesse monges a cantar. A mãe e o irmão de Ernestine também ouviram o coral.
Fenômenos desta natureza Bozzano classificou como de "assombração" porque eles parecem não ter nenhuma relação direta com quem os percebe e sim com o ambiente onde ocorrem. Note-se que Ernesto Bozzano, emérito e brilhante pesquisador, era espírita convicto. (Quem diz que ele não aceitava a reencarnação dá mostras de não lhe conhecer a obra). Sua classificação para esta espécie de fenômeno nada tem de desrespeitosa, porque, ao tempo em que ele escrevia, o termo assombração ainda não havia tomado o caráter trocista que tem hoje. Da mesma sorte ele e muitos dos primeiros pesquisadores usaram a palavra fantasma, e o fizeram com toda a propriedade. "Fantasma" era um termo técnico, ao tempo da metapsíquica, cuja vulgarização posterior tornou desvirtuado. O mesmo ocorreu com a psiquiatria, que usava de palavras como idiota, cretino, imbecil, as quais indicavam graus de comprometimento mental e que, na boca do povo, assumiram um caráter pejorativo, de sorte que hoje quase não são mais usadas por aquela ciência. Se o cinema e a literatura sensacionalistas continuarem a vulgarizar o termo poltergeist, dentro de alguns anos a parapsicologia e o próprio Espiritismo deixarão de empregá-lo, para evitar a irrisão popular. Que se há de fazer? Voltemos, pois, à música transcendental com caráter de assombração.
O Rev. Ascher Sheper, vigário de Avenbury, foi testemunha destes fatos:
Em sua igreja, no Condado de Herefordshire, ouviam-se sons de órgão, estando ela vazia. Primeiramente foram os membros da família Frosser que os ouviram, supondo que o organista lá estivesse ensaiando. Mas na verdade a igreja estava deserta nessa hora. Depois foi o próprio vigário que escutou a música. Ele estava no jardim e, sabendo que na igreja não havia ninguém, imaginou que o filho da pessoa encarregada da limpeza estivesse brincando no instrumento. Zangado, correu para lá, enquanto a melodia continuava. Mas encontrou a porta fechada e o órgão, agora emudecido, também em ordem.
De outra feita, enquanto atravessava a cavalo o prado próximo ao templo, novamente o sacerdote ouviu o instrumento que tocava música sacra, o que só deixou de acontecer no momento em que Ascher atingiu o aposento onde o aparelho musical se achava.
Mas há casos bem mais impressionantes, como o da Sra. Vata-Simpson. Lá um dia ela foi morar em uma velha mansão e logo de início notou que no ângulo vizinho à porta de seu quarto eram ouvidas as notas de um canto extremamente melancólico. Era um som muito real, muito suave e tocante que, a certa altura, se transformava em gemidos de desespero. Depois o silêncio voltava. Esse fenômeno era repetido com freqüência, ao mesmo tempo em que, em outra dependência da casa, fazia-se ouvir o choro de uma criança recém-nascida. Que drama teriam testemunhado aquelas paredes?
Mas basta de terrores. Vamos à última categoria de música transcendental que nos falta abordar, aquela que só é percebida por determinados sensitivos.

fonte: http://br.geocities.com/sylvioouriquefragoso/musica.html

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